sábado, 6 de março de 2010

Mestre Medina

O assunto agora é sério. É sério porque se trata do Dr. Medina Carreira, o homem da moda, que tem aquele seu ar sempre carregado, de olhar semicerrado e discurso pessimista. Não pude ver a sua entrevista à RTP 1, e gravei-a para ver mais tarde. Vi agora.

Habituei-me à ideia de que o país caminha alegremente para o abismo, até porque um amigo sabedor da matéria há muito me diz aquilo que toda a gente agora constata. Preocupante.

Mas esta entrevista, clara e didáctica, esclareceu-me. Podem dizer que o homem é seco e pouco simpático, mas a verdade é que é coerente, frontal e rigoroso, que são qualidades que na política a gente sabe o que querem dizer porque vai ler na wikipedia...

Alguns "highlights" que retive dos 30 minutos da conversa:
  • OE 2010 é bom ou mau: não é coisa nenhuma, é continuação do arrastar dos pés;
  • A escola: forma analfabetos, os alunos não sabem fazer contas, não sabem falar;
  • Falta de veracidade no Estado sobre as finanças: alimenta-se tanto tempo uma mentira que já não há condições de a poder desmentir;
  • Sobre as greves: façam as greves que quiserem, ninguém tem dinheiro para dar àquela gente;
  • Redução da despesa: temos que reduzir 2 mil milhões de euros de despesas por ano até 2013;
  • Dívida ao estrangeiro: nos primeiros 6 meses de 2009 cresceu ao ritmo de 60 milhões de euros por dia... só durante a entrevista, endividámo-nos mais 1 milhão. Cada português deve €18.000;
  • Envolvimento ou não do Governo no controlo da TVI: fica-se com a convicção que coisa boa não se passou;
  • Sobre a classe política em geral: aquilo não é do melhor que o país produz;
  • Deputados da AR: 40 chegavam, e até se ganhava com isso;
  • Caso Mário Crespo: a mim ninguém me soluciona;
  • Educação: programas capazes, mais rigor e exigência, negociação não chega;
  • Caso das escutas: olho para isto tudo com muita vergonha;
  • Altas esferas do poder judicial: o convívio e a proximidade cria simpatias que dificultam a aplicação das medidas;
  • PGR e Supremo Tribunal de Justiça: não podemos andar a falar aos jornalistas a cada esquina.
No final, quando Judite de Sousa o confronta com as suas críticas à ausência de convites pela RTP, o homem reconhece o gesto e termina respondendo: "eu, aquilo que digo atrás, digo à frente". Nem mais.

http://ww1.rtp.pt/blogs/programas/grande_entrevista/?1-parte-do-Grande-Entrevista-de-2010-03-04.rtp&post=6819

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