(Toc! Toc!)
- Sim? (pergunta Chico, enquanto abre a porta.)
- É... bem, sou aquele ministro que você pediu para conhecer... (dispara um flash do repórter fotográfico).
- Eu? Não pedi p'ra conhecer ninguém, não. Deve de tar havendo algum engano aí.
- Nãããõ... bem, o Lu disse-me que você queria conhecer-me, e eu...
- Lu? Quem é o Lu?
(Novo flash)
- É o Lula, o Presidente Lula, nós somos amigos, sabia? Muito amigos!
- Pois não sei não, meu irmão. Eu não pedi nada, não. Você é que veio até cá, certo?
- ...he, he, certo, certo (o ar já embaraçado) mas não diga isso alto, OK? O Lu disse que estava tudo arranjado consigo...
- Bem, tá legal. Entre lá, então. Mas descalce os sapatos e deixe aí na entrada, tá?
(Flash)
- Olhe lá, e se você metesse a máquina fotográfica num sítio que eu cá sei?
(O fotógrafo sai de cena)
...
(Já sentados no sofá da sala)
- Então? Conte coisas...
- Conte você, primeiro-ministro. Não tenho nada p'ra falar, não.
- Bem, a sua casa é muito gira. E tem uma vista fantástica sobre Ipanema. Ainda ontem passei aqui à porta no meu jogging matinal.
- Jogging, aqui?
- É um velho hábito que eu tenho, quando venho ao estrangeiro, sabe? Nunca falha!
- Aqui ninguém faz isso, não. Tem muita poluição, sabe? Só gente de fora, mesmo.
- He, he... olhe, posso tirar um retrato consigo?
- Com quê? Você expulsou o fotógrafo!
- É pá, pois foi.
(Gritando): Ó Adalmiro, chegue cá acima!
...
(No carro, de regresso à reunião que deixara a meio):
- Adalmiro, passe-me aí uma aspirina, se faz favor.
- Aqui está, chefe.
- E olhe lá, o f. da p. do assessor que me arranjou este encontro...
- Aqui está, chefe.
- E olhe lá, o f. da p. do assessor que me arranjou este encontro...
- Sim?
- Despeça-o, está bem?
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