
Preparou tudo com grande cuidado: o staff de campanha, a estratégia, a data e o local para o anúncio oficial. Sem que uma palavra transpirasse cá para fora.
Até que Marcelo Rebelo de Sousa pôs a boca no trombone no programa de domingo na TVI: "Vai ser no dia 26 no CCB". À sua boa maneira, obteve a informação, de uma "fuga" algures entre o Palácio de Belém e o Centro Cultural. Cavaco Silva ficou fulo.

Na escola, não tinha papas na língua. Adorava opinar sobre os colegas (vem daí a célebre distribuição de "notas"), onde juntava os comentários destes acerca dos professores. Um exemplo: "stora, baldámo-nos a Matemática porque a senhora é feia que nem um bode - pelo menos é o que diz o Luisinho".

Desde aí, o pessoal da candidatura deixou de lhe dizer qual era o próximo passo. Esta decisão foi particularmente notória quando Marcelo se desdobrou naquela famosa série interminável de conferências de imprensa. Passou um dia inteiro numa correria a saltar de hotel em hotel, sem nunca saber para onde o levavam a seguir.
No Conselho de Estado, órgão consultivo do Presidente, o lugar que lhe foi destinado à mesa é na cabeceira oposta à de Cavaco, bem longe do centro de discussão. Apesar disso, tenta chegar sempre mais cedo, para se sentar entre Sócrates e Alberto João Jardim (onde tenta saber as últimas fofocas da Madeira). Mesmo assim, é frequente ver António Capucho e Almeida Santos, os colegas de um lado e de outro, a tapar os seus apontamentos com a mão, para evitar eventuais fugas de informação.
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