terça-feira, 10 de novembro de 2009

A Malta da Tropa

Chegado a Novembro, chega também o "Almoço do CGM", ou seja, o encontro anual da malta da tropa.
É fantástico como uma dúzia de tipos que se juntaram em 1987 durante 4 meses, e depois foram cada um à sua vida, se encontram um dia por ano desde então, e fazem uma festa tal como se tivessem estado juntos na véspera. Isto desde há 20 anos!
As histórias, essas, são sempre as mesmas. Ficam aqui alguns episódios caricatos.

  1. No dia da incorporação, um aviso alertava-me: "Deixe aqui o seu cérebro. Quando concluir o serviço militar obrigatório, o exército devolve-o." Fiquei logo de pé atrás...

  2. A unidade era uma Escola Militar (de Electromecânica), ou seja, mais do tipo engenheiros e electricistas do que rambos de bazuca às costas. E de facto, era uma escola prestigiada, pelos cursos de formação profissional que se lá faziam. Azar mesmo foi apanhar com um comandante de pelotão acabado de chegar de uma unidade "operacional", que salivava de cada vez que um novo recruta chegava à caserna. Era do Porto, e ainda hoje consigo recordá-lo naquele seu sotaque do norte (não tenho nada contra o sotaque do norte, atenção!), dizendo: "Eu sou o terror do Bolhão, c...!". Impagável.

  3. Na primeira formatura, para o jantar, houve um que se passou e desatou aos gritos pela parada fora. Aquilo foi um alvoroço. Nunca mais o vimos, e disseram-nos depois que tinha tido um colapso nervoso. Sim, sim... foi o mais esperto de todos, nem chegou a vestir a farda.

  4. Depois tínhamos o S., com a sua carinha de bébé rechonchudo e a aptidão militar de um pensionista do INATEL. Era uma jóia, um verdadeiro "paz d'alma", mas um dia, farto das partidas da malta, teve um ataque (e vão dois...) e levou de arrasto 5 beliches e cacifos respectivos, que só pararam na parede do fundo da camarata. Literalmente. A partir daí, toda a gente passou a respeitar o S.

  5. Havia ainda o M., que era refractário emigrante na Venezuela (para quem não sabe, significa que andava a ver se escapava à tropa). Um dia veio a Portugal e tunga! Deixou de ser refractário. Era comum encontrá-lo às 3 da manhã a escrever cartas num canto da casa de banho, enquanto cantava o "Guantanamera, guajira guantanamera..."

  6. À noite, era frequente termos umas visitas inesperadas, que dependiam de quem estava de Oficial de Dia. Saltava tudo da cama aos gritos de "Tá a formar lá fora, já!". Parecíamos uns tontinhos. Uma vez decidimos acabar com aquilo: um balde apoiado no topo da porta entreaberta, e quem entrasse levava com o seu conteúdo (que, garanto-vos, não era água). Azar dos azares, quem apanhou com a coisa foi um 2º furriel que estava de serviço, que até era um baril e vinha só ver se estava tudo bem... às vezes a vida é mesmo injusta.


Bem, histórias como estas há aos montes. Vou ficar por aqui, senão esgoto os assuntos do próximo almoço. E depois falava de quê?







Nota: aqui vai o link para o "Guantanamera" do Compay Segundo (fabuloso). Se calhar, no meio do público está lá o M.! http://www.youtube.com/watch?v=bJ4NOXz3gjA

1 comentário:

  1. Tropa??????? tu foste à Tropa? pensava que a tropa era só para rapazes com barba rija! e já agora estiveste onde? no acampamento dos escuteiros-mirins dos sobrinhos do Pato Donald?
    Abraço Miguel Claudino

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