Deixa cá ver se percebi bem (as mãos até me tremem enquanto escrevo):
- O Sr. Domingos Névoa, dono da empresa Bragaparques, quis fazer um negócio com uma permuta de terrenos em Lisboa, cuja decisão dependia da Câmara Municipal.
- Marcou uma reunião com o Dr. Ricardo Sá Fernandes, para que este entregasse €200.000 ao irmão José, vereador, com o objectivo deste desistir da acção que interpusera contra o negócio, e assim favorecesse a Bragaparques.
- O Dr. Ricardo Sá Fernandes, concertado com a Polícia Judiciária, foi ao encontro, munido de um sistema de gravação onde registou toda a conversa.
- Com base nessa gravação, o Sr. Domingos Névoa foi acusado de tentativa de corrupção.
- O Tribunal de Primeira Instância deu como provada a acusação, e o arguido foi condenado a uma multa de €5.000.
- A Acusação recorreu da sentença, por a considerar demasiado leve.
- Posteriormente, o Dr. Ricardo Sá Fernandes concedeu uma entrevista onde chamou ao Sr. Domingos Névoa “vigarista”, o que lhe valeu uma condenação por difamação, e o pagamento de uma multa de €10.000 (€10.000 = 2 x €5.000, para quem não esteja a ver bem).
- O Tribunal da Relação não deu razão ao recurso da Acusação e escreveu no acórdão (votado por unanimidade) que o vereador “… não tinha competências legais…” para favorecer a Bragaparques, e portanto o crime de corrupção não existira.
- O vereador José Fernandes terá, em consequência, de pagar as custas do recurso.
Assim de repente, o que me vem à ideia é um pano da loiça encharcado, esfregado em movimentos circulares sucessivos, no rosto do Sr. Domingos Névoa, até ele conseguir dizer 3 vezes seguidas a frase "eu sou culpado, por favor levem-me preso". Isto dito em Aramaico, claro. Parece um castigo pequeno, mas acreditem que aprender Aramaico demora o seu tempo.(...)
P.S: fiquei na dúvida sobre o "tag" para este artigo (se deveria ser "política" ou "crime"). O melhor se calhar teria sido "futebol".
Carissimo!
ResponderEliminarJá não me surpreende este tipo de episódios na nossa justiça. Nem pestanejo! O que faz tremer e enervar é quando de algum modo estamos envolvidos num processo em tribunal e assistimos a situações impensáveis!! exemplos?
1- Convencer a mente do juiz que um material que funciona a uma dada pressão de serviço, é ensaiado a uma vez e meia essa pressão como que levando o material a um sobre esforço ás condições normais de funcionamento. Até fazer entender isso foi um desafio
2- Um amigo meu viu cativada todas a suas contas por atraso no pagamento de pensão do seu casal de filhos por acção colocada pela ex. Até aqui tudo certo. Os interesses superiores das crianças assim o exigem! Mas... mais de dois anos depois... a verba ainda estava nas mãos da justiça pois havia um único contador no tribunal que teve problemas de saúde, elemento insubstituível (!!!) que só ele poderia fazer as continhas ás despesas é só então libertar as verbas devidas ao destino previsto!.. lá se foram os superiores interesses dos menores...
3- melhor para por aki... o resto ficará para o meu blog