quinta-feira, 15 de julho de 2010

Nas Terras Altas

Cheguei há dias de Edimburgo. Aquilo é uma terra e peras! E porque este blogue só dá bons conselhos, seguem-se alguns, para o caso de passarem por lá.

Fartei-me de aprender nesta curta estadia, e muito graças ao meu amigo João Alexandre, a quem apresento daqui os meus cumprimentos. Além de excelente organizador de eventos, mostrou dotes de guia turístico de inegável valor.


Edimburgo (e não Glasgow) é a capital da Escócia. Fala-se uma língua que está para o inglês como o idioma da ilha do Pico está para o português, ou seja, só lá vai com legendas. Os locais usam o célebre Kilt, saia em padrões de tartan, que varia de acordo com o clã.


Começámos o  nosso passeio pela Royal Mile, no centro histórico, com as suas lojas, bares e monumentos, e ficámos a saber que há um coração desenhado no empedrado, onde tradicionalmente se cospe como sinal de desprezo pelos criminosos que outrora ali eram detidos. Isso mesmo: um tipo passa por ali descontraidamente e de repente, puit!


A propósito de criminosos, os escoceses não são para brincadeiras: antigamente, gajo apanhado a roubar era pregado pela orelha a uma espécie de pelourinho, onde ficava exposto perante a população, até que alguém o tirasse dali. A alternativa era sair à força, e ficava com uma marca para o resto da vida. Isto é que era um puxão de orelhas!


Mais acima, visitámos a Scotch Whisky Experience, um museu dedicado à bebida-rei daquelas paragens. O tour era fantástico, fomos levados num trajecto pelo processo de fabrico, sentados numa espécie de comboio-fantasma em forma de pipas (tinha de ser), com direito a sessão de provas e tudo, e no final chegámos ao maior museu de whisky do mundo, com mais de 3.500 garrafas de todas as variedades, feitios e preços. Para os amantes da coisa, aquilo vale mais que as jóias da coroa.


No topo da rua está o Castelo de Edimburgo, em cujo largo se encontram já montadas as bancadas para receber mais um famoso Tattoo Militar, que vai ser de 6 a 28 de Agosto. Depois de passar as muralhas, e de largar 15 libras, demos a coisa por bem empregue pela quantidade de exposições que lá há dentro. 

Como tudo isto nos deu fome, nada como ir à The Elephant House, uma casa de chá encantadora onde a J. K. Rowling escreveu muitos dos seus romances antes do Harry Potter (agora deve beber o chá no seu castelo, já que é uma das maiores fortunas do país).

Mas o ponto alto do nosso tour foi o Cemitério de Greyfriars. É verdade. Os escoceses são muito dados a esta mística dos fantasmas e tal, e organizam visitas a cemitérios e catacumbas, por vezes mesmo à noite. Ora, com o nosso guia particular, lá fomos passear alegremente entre pedras tumulares do séc. XVIII, cada uma com a sua história rocambolesca, espreitámos a ala assombrada (que está fechada a cadeado), até que demos com a campa mais famosa de todas: a do Bobby.

Agora dizem vocês: "Bobby não é nome de cão?". E é mesmo. A história que se conta é a seguinte: o animal fazia as rondas da cidade na companhia do seu dono, o guarda John Gray. Quando o homem morreu, o cão abancou fielmente junto à sepultura, e não havia nada que o tirasse de lá. A coisa tornou-se conhecida na altura e havia quem lhe quisesse fazer mal, e o tratador do cemitério afeiçoou-se ao canito, adoptando-o como dele. Quando o velhote morreu, foi sepultado ao lado do guarda (o raio do bicho, que era rijo, enterrou 2 e ainda durou mais uns anitos).


Finalmente, quando o nosso Bobby foi para o paraíso dos cães, o seu corpo foi enterrado em lugar de honra, à entrada do cemitério. Ainda hoje a sua campa tem paus e brinquedos que lhe são deixados pelos visitantes. E esta, hem?


Bem, e por aqui me fico, que aquela terra tem histórias para contar que nunca mais acaba. Recordei os personagens esquecidos da Disney, os arquitectos célebres do Jet-Set lisboeta, e aprendi que o pladur faz um barulho do caraças, mas isso são privadas que ficam cá com a rapaziada que comigo partilhou este passeio. Se quiserem saber mais, há uns voos porreiros directos Lisboa-Edimburgo. Vão com tempo, e marquem um passeio às Highlands. Mas não se esqueçam é de levar um biscoito ao Bobby!

1 comentário:

  1. Meu caro amigo,foi um enorme prazer servir de "guia"???
    É bom verificar que o meu empenho foi reconhecido. Agora só falta mesmo a deslocação à India e à China... veremos se será brevemente... já está não mexe...não fujas páh...

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