sábado, 27 de novembro de 2010

O Tamanho de um Ácaro

Não é só dos recônditos desta República das Bananas que chegam notícias bizarras; elas dão-se mesmo na capital. Na capital da asneira, no caso concreto.


Então é assim: um cabo da GNR pediu para trocar de serviço, ao que o seu superior não autorizou. Vai daí, o cabo respondeu "não dá pra trocar, então prò c...".

Acto contínuo, e como seria de esperar, seguiu-se uma acusação pelo crime de insubordinação. Segundo uma procuradora do DIAP, "a palavra 'c...', proferida pelo arguido, na presença do seu superior hierárquico, visou atingi-lo na sua honra e consideração". Caso arrumado? Longe disso.

Dois juízes da Relação de Lisboa tiveram entendimento diferente, decidindo não levar o arguido a julgamento.

Agora, o extraordinário desta história não é isso, é a longa fundamentação usada para justificar a decisão. O melhor é transcrever, para garantir que não me escapou nada.


Escrevem os bons dos juízes: "Para uns a palavra 'c...' vem do latim caraculu que significava pequena estaca, enquanto que, para outros, este termo surge utilizado pelos portugueses nos tempos das grandes navegações para, nas artes de marinhagem, designar o topo do mastro principal das naus, ou seja, um pau grande."


E continuam: "Certo é que, independentemente da etimologia da palavra, o povo começou a associar a palavra ao órgão sexual masculino, o pénis."
 

Porém, rematam os juízes, "é público e notório, pois tal resulta da experiência comum, que 'c...' é palavra usada por alguns (muitos) para expressar, definir, explicar ou enfatizar toda uma gama de sentimentos humanos e diversos estados de ânimo. Por exemplo 'prò c...' é usado para representar algo excessivo. Seja grande ou pequeno de mais. Serve para referenciar realidades numéricas indefinidas ('chove pra c...'; 'o Cristiano Ronaldo joga pra c...'; 'moras longe pra c...'; 'o ácaro é um animal pequeno pra c...'; 'esse filme é velho pra c...')".


"O ácaro é pequeno pra c...".

 

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