Nos idos de 82, numa das nossas habituais saídas da ginástica, fomos fazer uma "dupla" a Estarreja e Murtosa. No caso desta última, o clube local inaugurava o seu pavilhão gimnodesportivo, e decidiu comemorar com um sarau, para o qual nos convidou.
O azar foi que, aparentemente, as obras se atrasaram, e portanto não estavam concluídas no dia marcado (eu digo "aparentemente" porque não quero crer que aquilo fosse pensado para inaugurar assim). No entanto, os seus dirigentes decidiram não adiar o evento.
A verdade é que quando chegámos, percebemos que algo de estranho se passava. O dia estava chuvoso e frio, e enquanto o autocarro estacionava, olhávamos incrédulos pelas janelas: o pavilhão pura e simplesmente não tinha uma parede!
Conseguem imaginar um telhado apoiado em três paredes ainda em reboco, cheio de gente pronta para assistir a um espectáculo? Eu já, porque fiz ginástica lá dentro.
Tudo era cimento, nada estava estucado nem pintado, e a sensação era de que no fim do sarau iriam saltar de entre a assistência os operários prontos a recomeçar os trabalhos interrompidos por aqueles "gajos" do Sporting.
Foi de facto uma saída diferente, a inauguração lá se fez, e ainda hoje, quando a malta se reúne, fala do "pavilhão sem parede".

Olha lá isso! O desenho está a beneficiar muito o pavilhão - é que nem bancadas tinha! E aquele Pavilhão com árvores de diospiros lá dentro?
ResponderEliminarQue bela ideia, Cajó!!
ResponderEliminarLembro-me muito bem desse malfadado pavilhão, ou hipótese de pavilhão, de tijolo à vista com bocados de cimento fresco (balneários incluídos, o que era deveras bué desconfortável) e sem uma das paredes por onde, inclusivamente entrava vento e chuva, pois estava um dia realmente invernoso e gelado.
Mas nós, como sempre, fizemos o nosso Sarau como se estivéssemos na sala de espectáculos mais luxuosa do mundo e com todo o conforto e condições.
Aliás, isso era apanágio do "saber estar" da Ginástica do Sporting, fosse em que situação fosse, até momentaneamente às escuras (como no Quartel) ou até sem música (como na Covilhã).
É por tudo isto que guardamos todas estas recordações no nosso coração e as fazemos reviver a toda a hora, e até voltámos a fazer ginástica juntos, pois estas vivências estão na nossa corrente sanguínea (no nosso ADN, como muito bem diz o Zézinho), fazem parte de nós para sempre.
Uma beijoca para todos os heróis e heroínas dos anos 80 da Ginástica do Sporting (em parte de novo juntos e esperando que mais retornem ao nosso convívio)
Lina