domingo, 30 de novembro de 2014

ABC da Valódia - D de Demora

Já tinha sido avisado, mas nada como comprovar "in loco". Tudo Demora em Angola.

Por exemplo, imaginemos uma reunião marcada para as 15h00: na Alemanha temos a malta toda à porta da sala às 14H45; em Portugal, às 15H30 chega o primeiro gajo (isto se não for a uma sexta-feira); mas aqui... é muito provável que se realize 3 dias depois, e com metade dos participantes, porque entretanto o assunto já foi resolvido.

Em parte, a culpa é do trânsito, que é terrível, a qualquer hora do dia. Aqui, deslocamo-nos à velocidade de um caracol... congelado. Normalmente estima-se UMA reunião por manhã ou tarde, não dá para fazer mais. A dificuldade em estacionar também não ajuda, razão pela qual muita gente opta por ter um motorista (não por status, mas por necessidade).

Ao domingo, se queremos ir à praia, temos de acordar com as galinhas, e regressar antes das 16h00, senão é certinho que chegamos a casa de noite. Nós e as galinhas, bem entendido.

Mas, para além disso, é uma postura muito "africana" de que a vida é para se ir vivendo devagarinho, e não de uma só vez (ao estilo de Borba). Se calhar, não é uma visão errada de todo, porque stress é coisa que não há muito por estes lados. Mas claro que isto não se encaixa com o ritmo feroz a que se constrói por estas bandas. Devido a isso, raras são as metas que se cumprem no tempo previamente estabelecido. Diz-se que é uma das heranças dos portugueses; é capaz de ser.

Nos restaurantes não é diferente, e convém ir munido de alguma paciência, especialmente nos locais menos "ocidentalizados". Mas há mais: os pratos não chegam todos ao mesmo tempo, mas vão chegando à medida que prontos. Quando se é pastelão a comer, como eu, deve-se escolher algo rápido tipo uma carcaça com manteiga, para terminar ao mesmo tempo do bife e da pizza dos restantes comensais...

Bom, parece que vem lá o meu galão e a torrada; o melhor é despachar-me, que os outros já vão na sobremesa. A seguir ao almoço, vou começar a pensar no "E"...

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