quinta-feira, 13 de novembro de 2014

ABC da Valódia - A de Angola

Como não podia deixar de ser, Angola. Que país este, que cresce 6% ao ano, e acolhe 200.000 portugueses! Ou melhor, "pulas" ou "tugas", como são chamados aqui os nossos conterrâneos. O Capuchinho, farto de carregar com a cestinha, sempre a ver as mesmas árvores, os mesmos passarinhos, o bruto do lenhador e tal, resolveu vir espreitar.

Já vos disseram "é canja, gostas logo, aquilo é porreiro"...? Esqueçam! O primeiro embate é confuso, chocante, põe-nos a subir as escadas de regresso ao avião.

Terra onde chegamos noite cerrada, e um apagão põe o aeroporto remodelado completamente às escuras, com os funcionários a inspeccionar documentos à luz do telemóvel. 

Onde as ruas são pó e terra, mas os carros são escrupulosamente lavados (parece mal ter o carro sujo!), onde há pobreza na população, mas os telemóveis são todos "i" qualquer coisa, e onde a bebida preferida das autoridades é a gasosa... 

Aqui vende-se de tudo no meio da estrada, desde papel higiénico a roupeiros de quarto (não fosse o tipo de trás buzinar, e tinha comprado ali a secretária que tanto procuro...). As falhas de energia são o pão nosso de cada dia, e volta e meia lá vimos nós enrolados na toalha ligar o gerador para terminar o duche, a dizer palavrões enquanto saem bolhinhas de sabão da boca!

Mas depois... passa-se a "barreira", e a coisa entranha-se, como dizia o Pessoa. E aí, sim, gosta-se de verdade. Descobrimos um país em mudança, a fazer o seu caminho para a modernidade: constroem-se escolas, hospitais, hotéis, e nascem negócios como os cogumelos lá na floresta da avozinha. Os angolanos chamam-lhe "biziness".

Na rua cumprimentam-nos com um "bom dia, pai!", querem saber do Benfica (BLHEC!), já viveram na Parede, Odivelas ou Seixal. E dizem-nos que somos irmãos. E somos. Ou primos, ou enteados. Mas alguma coisa somos, temos de ser. 

O Capuchinho ainda viu pouco, mas vai tentar explorar o que puder: as praias, as ilhas, o Kissama, o Namibe, as quedas de água, tanta Angola para descobrir, tanta...

...

(Bem, e agora fiquei seco. Vou beber uma gasosa - mesmo a sério. Adeus, e até à letra B.)





3 comentários:

  1. Estou a adorar biziness :-) continua

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  2. Admiro a tua coragem. Acho que abaixo do paralo 37N eu só conseguiria viver na Aaustrália ou na Nova Zelândia...

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  3. Ainda não te chamarem de "Pai grande" é que me admira.
    Sabes o que quer dizer, certo?! :)

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