No meio de tantas notícias preocupantes sobre o estado depauperado a que chegou o país, esta que o Sol publica não deveria ser diferente. Mas a verdade é que toca as raias do ridículo: "Egas Moniz pede a doentes que tragam remédios de casa". As pessoas são convidadas a trazer a medicação para tomarem enquanto estão internadas.
O que é que isso tem de extraordinário, pergunto? No Centro de Saúde de Valongo dos Azeites, cada utente já traz o seu próprio estetoscópio para as consultas externas. Aliás, sendo um instrumento dispendioso, a Casa do Povo comprou um para uso da comunidade, através da venda de rifas. Tendo sobrado dinheiro, ainda deu para uma caixa de Ben-U-Ron 500 e duas embalagens de Aspegic 1000. O delegado do Serviço de Saúde, que até comprara duas rifas, agradeceu o gesto.
No Hospital de Grândola, por exemplo, já não há dinheiro para os recipientes de colheita de urina, pelo que é habitual o trânsito de pessoas de penico na mão, aguardando a sua vez para entrega no guichet.
Por último, mas não menos importante, houve em Santa Comba Dão uma septuagenária que acordou em plena operação a uma hérnia inguinal, porque o anestésico que trouxera de casa estava claramente fora de prazo. "Sobrou da operação do meu falecido Vasco", disse a senhora, antes de ter levado uma dose extra de Erythroxylon que, por sorte, uma das enfermeiras tinha no bolso da bata. Dormiu o resto da operação.
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