terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Memórias

Um destes dias fui visitar uma tia ao lar onde vive. A família reveza-se para dar um pouco de mimo à velhota aos fins de semana, e assim evitar o sentimento de isolamento que invariavelmente se sente nestes lugares.

O que seria um diálogo banal de "Então como estão os meninos? Bem, e a tia?" tornou-se numa conversa tão interessante que nem dei pelas horas passarem, e regressei a casa já quase noite. O tema escorregou para os antepassados, e de lá não saiu.



Fiquei a saber que tive um trisavô músico militar, e que o seu filho, o "bisavô Jorge" era inventor e químico, com patentes registadas. Que criou uma fórmula revolucionária na altura, premiada, e produzida em segredo na sua fábrica (lembro-me de, em miúdo, ver essa medalha).

Que os Llansol tiveram origem em Espanha, depois de um exílio forçado por um crime cometido cá na terra. Meteu irmãos desavindos, um padre e uma fuga à polícia!

É impressionante como os idosos trocam os nomes e não se lembram do que jantaram na véspera, mas guardam tantas memórias do passado longínquo. Um passado que se vai perdendo, se não fizermos nada para o evitar, para aproveitar estas fontes de informação riquíssimas que são os que o viveram na 1ª pessoa.

Ela divertidíssima a falar, e eu feito maluco a tirar apontamentos de tudo o que ia ouvindo. E tomei a decisão: vou fazer a árvore genealógica da família. Para além da minha paixão pela História, é uma homenagem aos que nos puseram cá.

Como disse, saí de lá já era quase de noite. Não sei quem gostou mais da visita, se eu ou ela.

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